A Despolpadeira a Seco do Mesocarpo do Baru

Nós, do Projeto Conexão Cerrado, estamos empenhados em criar um maquinário inovador para a extração da polpa do baru. Nossa solução visa agregar valor produtivo ao mesocarpo, também conhecido como polpa, desse fruto. Atualmente, percebemos que não existe um equipamento eficiente para realizar essa extração de forma satisfatória.

O grande diferencial da nossa inovação é que, ao reconhecermos o valor nutricional do fruto do baru, podemos explorar todo o potencial comercial da polpa. Em uma porção de 100g, a polpa apresenta valores nutricionais significativos, como Proteínas (5,75g*), Carboidratos (72,83g*), Lipídios (1,01g*) e Resíduo Mineral Fixo (RMF) (2,03g*) (NATALIA, 2017). Aproveitando 44% da polpa, pretendemos integrá-la à cadeia de produção do baru, possibilitando o desenvolvimento de doces, geleias, bolos, biscoitos e uma variedade de pratos para forno, devido ao seu alto teor de fermentação e açúcares. Vale ressaltar que já realizamos testes bem-sucedidos na fabricação de cachaça, licores e vinagres.

O protótipo do equipamento foi desenvolvido de forma simples com hélices de cortes transversais fixas em uma cuba de inox, com motores elétricos, destinado a rede elétrica da zona rural, com consumo médio de 50 kwh em 8 horas de trabalho, com necessidade de aquisição de inversor elétrico para manter a energia estável e constante regulada na velocidade ideal para a plena extração da polpa do baru.

A extração do mesocarpo do Baru, atualmente é feita de forma manual, usando artefatos improvisados, como foice e facas, guilhotina de foice e lâmina invertida, daí a necessidade de se criar um equipamento que busque solucionar o problema do baixo aproveitamento dos frutos do baru, uma vez que as faltas de equipamentos mais eficazes na extração da polpa do fruto dificultam o aproveitamento da mesma, bem como sua utilização na cadeia produtiva.  A falta de tecnologia / automação para extração da polpa do baru gera desinteresse pelo uso da mesma na produção. Sendo assim, o fruto será melhor aproveitado com o uso do equipamento e os produtos que serão fabricados a partir do aumento da produção serão utilizados em diversas áreas, desde seu emprego na culinária até a aplicação terapêutica.

A solução proposta é inédita para a cadeia produtiva do baru, é um desejo histórico das cooperativas e associações de produtores rurais do Cerrado que trabalham com baru. O foco sempre foi quebrar o fruto do baru para a retirada da amêndoa, esse processo causa enorme cansaço físico aos trabalhadores

Público alvo são os diferentes atores da cadeia produtiva, em especial os agricultores familiares do baru, uma vez que vai dinamizar o processo beneficiamento do fruto agregando possibilidades de criação de novos produtos com mesocarpo do baru, geração de renda nas cooperativas a partir da comercialização dos novos produtos.

A Despolpadeira de mesocarpo tem capacidade de extrair 25 kg de polpa em 10 minutos, média de 120 kg de polpa por hora, equivalente 3 sacos de 50 kg de frutos, capacidade de produção de 20/30 sacos por dia. O Baru sem a polpa torna o trabalho de quebra do endocarpo mais fácil e menos exaustivo, proporcionando melhor rendimento para retrair a amêndoa do baru passando de 10 kg por dia.

Com grande potencial para indústria de alimentos e bebidas, podendo também ser estendida para indústria farmacêutica e de cosmética, possibilitando sustentabilidade para cooperativas, comunidade tradicional que adotará a tecnologia para agregar receita com os novos produtos.

Nosso principal objeto da solução é produtor organizados em associações e cooperativas para resolver um gargalo histórico, aproveitamento integral do fruto com adoção de tecnologia, nesse primeiro momento idealizamos um equipamento capaz de proporcionar conforto, bem-estar para extrair polpa do mesocarpo do baru, facilitando quebrar o endocarpo para chegar até a amêndoa, com a tecnologia pela primeira vez as cooperativas poderá sistematizar e criar uma linha de produção aproveitando todo potencial que o fruto baru proporciona, além da segurança no beneficiamento e adoção de boas práticas de processamento de alimentos (BPFs), higiênico-sanitárias, uma vez que o equipamento projeto em inox 304 específico para manipulação de alimentos, outro fator importante é redução de espaço para armazenamento do estoque, a despolpadeira reduzir peso após extrair toda polpa do fruto melhorando a qualidade do armazenamento, para próximas etapas do processamento. 

O desenvolvimento comunitário será fortalecido a partir da obtenção de renda que acontecerá com a venda dos subprodutos do baru, sendo assim a comunidade conseguirá se manter em seu território de identidade não havendo a necessidade do êxodo rural fazendo do campo um espaço também produtor de riquezas.

A longo prazo, a partir da divulgação do produto do mesocarpo e com um plano de marketing específico (pesquisa de mercado e elaboração de receitas para o uso dos produtos) será possível o desenvolvimento de novas possibilidades para este subproduto do baru. Buscaremos parcerias com centro de pesquisas e universidades para realização de pesquisas na descoberta de bioativos e realização de análises microbiológicas e sensoriais do mesocarpo para o desenvolvimento de novos produtos com fins gastronômicos como pães, bolos, pudins, biscoitos, massas frescas, em bebidas como licores e destilados, sendo que o açúcar presente na polpa é saudável e pode se transformar em açúcar mascavo, sucos entre outros.

O Baru tem grande importância ecológica para paisagem natural e pode ser classificado como espécie-chave do Cerrado, uma vez que seu fruto amadurece na época seca e alimenta várias espécies da fauna presente. O seu uso sustentável pode contribuir na conservação da biodiversidade desse bioma, podendo ser valorizado como produto que contribui para preservação da natureza. 

A ideia é que a partir do cultivo do baru, uma espécie predominantemente de formações savânicas como o Cerrado, a extração do fruto seja otimizada de forma a oferecer maior lucratividade para as comunidades produtoras, sendo melhor opção que a utilização de sua madeira para outros fins. Além disso, a propagação do conhecimento sobre a importância de se utilizar os frutos das espécies nativas do Cerrado brasileiro como fontes de produção de alimentos pode favorecer a preservação deste bioma.



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